Após a divulgação dos resultados, dados da STRONGData mostram que as ações da Coinbase recuaram mais de 9% após o fechamento do mercado, caindo para US$ 377,70, e seguiram em queda nos dias seguintes, atingindo a mínima de US$ 314.
No segundo trimestre, a Coinbase registrou receita total de US$ 1,5 bilhão, resultado superior ao do ano anterior, porém aquém da expectativa dos analistas, que previam US$ 1,59 bilhão. O lucro líquido alcançou US$ 1,4 bilhão, valor que inclui US$ 1,5 bilhão em ganhos não realizados de investimentos estratégicos e US$ 362 milhões em ganhos não realizados de ativos digitais. Desconsiderando esses itens, o lucro líquido ajustado foi de US$ 33 milhões.
A receita da Coinbase se divide em três frentes principais: receitas de transações, assinaturas e outros serviços.
A receita com transações totalizou US$ 764 milhões, queda de 39% em relação ao ano anterior e bem abaixo das previsões do mercado. O volume de negociação geral recuou 40% no trimestre, com o volume de varejo caindo 45% e o institucional 38%. O varejo gerou receita de US$ 650 milhões e movimentou US$ 43 bilhões. O segmento institucional arrecadou US$ 60,8 milhões, com volume de US$ 194 bilhões. Outras receitas de transação somaram US$ 54 milhões. O número de negociadores ativos diminuiu em 1 milhão no trimestre, chegando a 8,7 milhões. A acentuada queda no volume decorreu principalmente da postura mais conservadora dos usuários mais antigos, com o volume médio por usuário recuando 38%.
As receitas de assinaturas e serviços atingiram US$ 656 milhões, representando uma queda de 6% no trimestre. A receita com stablecoins (majoritariamente USDC) alcançou US$ 333 milhões, um crescimento de 12%. O saldo médio de USDC na Coinbase foi de US$ 13,8 bilhões, enquanto US$ 47,4 bilhões estavam fora da plataforma.
A participação em staking rendeu US$ 145 milhões (queda de 26%), o resultado financeiro e de juros somou US$ 59,3 milhões (recuo de 6%), e outras receitas de assinaturas e serviços corresponderam a US$ 120 milhões (queda de 15%).
Ao fim do trimestre, a Coinbase possuía US$ 9,3 bilhões em ativos denominados em dólar, uma redução de US$ 590 milhões ou 6% frente ao trimestre anterior, principalmente devido ao crescimento na oferta de crédito em moeda fiduciária e à aquisição de novos ativos digitais. O caixa e equivalentes somavam US$ 1,449 bilhão, o saldo de USDC era de US$ 1,784 bilhão, e o fundo de renda fixa de curto prazo estava em US$ 5,98 bilhões. Além disso, havia US$ 110 milhões em caixa alocados em plataformas de terceiros.
A Coinbase anunciou oficialmente, via tweet, a compra de 2.509 BTC no segundo trimestre, elevando seu estoque total de Bitcoin para 11.776 unidades. O custo de aquisição foi de US$ 740 milhões, com valor de mercado de US$ 1,26 bilhão na data do relatório.
Como uma das exchanges americanas mais relevantes e listada em bolsa, a Coinbase oferece uma gama completa de produtos, incluindo a plataforma principal, Coinbase Advanced (anteriormente Pro), Coinbase Wallet, Coinbase Card, Coinbase Earn e Coinbase Cloud, abrangendo usuários de varejo, institucionais, negociação, custódia, DeFi e pagamentos.
Nos últimos meses, a Coinbase acelerou suas aquisições para diversificação de negócios. Em 29 de julho, a Bloomberg informou que a empresa estava em negociações avançadas para comprar a CoinDCX, principal exchange indiana, porém o CEO da CoinDCX, Sumit Gupta, negou rapidamente a informação e afirmou que a companhia não será vendida.
Em 11 de julho, a Coinbase adquiriu talentos estratégicos, entre eles Andrew Leone, CEO da Opyn, e Joe Clark, Head de Pesquisa, ambos integrados à equipe Onchain Markets da divisão institucional para fortalecer o desenvolvimento de produtos on-chain e pools de liquidez verificada.
A maior aquisição do ano ocorreu em maio, quando a Coinbase confirmou a compra da Deribit, plataforma de derivativos de criptoativos, para integrar operações de spot, futuros e opções. O valor da transação foi de aproximadamente US$ 2,9 bilhões, envolvendo US$ 700 milhões em dinheiro e 11 milhões de ações ordinárias Classe A, fortalecendo significativamente os negócios de derivativos. Recentemente, também adquiriu a Liquifi, especializada em gestão e emissão de tokens, expandindo sua atuação em gestão de ativos digitais.
Além disso, a Coinbase firmou parcerias estratégicas com gigantes do setor financeiro tradicional—JPMorgan Chase, PNC Bank e American Express—para aprimorar as rampas de entrada em moeda fiduciária e permitir a conversão de pontos de recompensa em USDC pelos usuários.
No balanço, a Coinbase destaca a Base como uma das maiores redes mundiais de distribuição de USDC, com a maioria das transações P2P liquidadas na stablecoin. O app Base está em beta público, oferecendo carteira, negociação, pagamentos, recursos sociais, jogos e integração com dApps. Dados do growthepie apontam que a Base tem número de endereços ativos muito superior ao observado em Optimism (OP) e Arbitrum.
Na área de conformidade, após a SEC encerrar seu processo em fevereiro, a Coinbase obteve licença MiCA em Luxemburgo em junho, permitindo a oferta de serviços financeiros para varejo e institucionais em 30 países do Espaço Econômico Europeu—marco essencial para avançar na Europa.
A Coinbase amplia sua atuação para diferentes verticais.
Nesta terça, o vice-presidente de Produto, Max Branzburg, revelou à CNBC que a Coinbase irá expandir em breve o portfólio de serviços nos EUA, lançando uma plataforma integrada de negociação com ações tokenizadas, mercados de previsão, ofertas públicas de tokens e outros recursos. Um vídeo oficial nas redes sociais da companhia confirmou a nova estratégia.
No segmento de mercados de previsão, a Coinbase concorrerá com a Kalshi, único participante licenciado federalmente nos EUA, e com a líder global Polymarket, que pretende retornar ao país após adquirir a QCEX, exchange de derivativos regulamentada.
O lançamento de ações tokenizadas pela Coinbase trará concorrência direta com produtos similares de Robinhood, Gemini e Kraken, embora essas plataformas atualmente atendam somente investidores estrangeiros.